Imagine como se estivesse olhando pelo buraco da fechadura. Essa imagem
reduzida nas laterais, centralizada apenas, é mais ou menos, como o que uma
pessoa com glaucoma pode chegar a ver o mundo.
Segunda maior causa de cegueira
no mundo — e primeira quando se fala em perda irreversível —, o glaucoma pode
passar despercebido pelos pacientes no início. Provocada, normalmente, pelo
aumento da pressão ocular, que atinge o nervo óptico, a doença leva à perda da
vista periférica até que, se não tratada, degenera também a visão central.
Nesta quinta-feira, Dia Nacional do Combate ao Glaucoma, oftalmologistas
alertam para os riscos da doença e a importância de descobri-la o quanto antes.
Uma vez que o nervo é atingido, não é possível reverter a lesão, por isso o
diagnóstico precoce é essencial — explica Emilio Rintaro Suzuki Jr.,
secretário-geral da Sociedade Brasileira de Glaucoma. — O grande problema é que
as pessoas não sentem essa doença no início, já que o nervo óptico não é
sensível à dor, então o desafio é levá-las cedo ao oftalmologista e tornar o
glaucoma tão conhecido como a diabetes e a pressão alta.
O tratamento, diz o médico, é
feito geralmente — em mais de 80% dos casos — com um colírio que abaixa a
pressão dos olhos. Mas, às vezes, outras medidas são necessárias: Quando o colírio não estabiliza a
pressão ocular ou quando o paciente é alérgico, há duas alternativas: o laser
para melhorar o escoamento do sangue, logo da pressão, ou a cirurgia — diz
Emilio, que acrescenta: O glaucoma hoje não é mais sentença de cegueira.
Antigamente era, pois quase não existia tratamento eficiente. Hoje, temos
condições de estabilizá-lo, mas o paciente precisa vir até nós.
Não confunda com catarata
Normalmente confundido com a
catarata, o glaucoma não tem relação com a doença, explica o especialista em
glaucoma do Hospital CEMA, Décio Meneguin: A catarata é uma degeneração da
lente natural que temos. Com o passar dos anos, essa lente, que é transparente,
vai se tornando amarelada e opaca. Apesar de ser a primeira causa de cegueira
do mundo, a catarata causa uma cegueira reversível e, quando se opera, volta a
enxergar.
Embora alguns estudiosos associem
a diabetes e a hipertensão ao glaucoma, os dois médicos concordam que não
necessariamente as duas doenças tenham ligação com o problema oftalmológico.
São doenças que normalmente
acometem pessoas mais velhas. Por isso, é comum que quem tenha glaucoma tenha,
também, uma das duas doenças, mas não significa uma relação de risco — acredita
Décio, que diz, também, que a forma de prevenção é a visita ao oftalmologista.
O apoio da família , diz Emílio, é
essencial:O paciente precisa ser rigoroso
com o tratamento. Familiares têm que ter sensibilidade, porque os idosos, que
são os mais atingidos, às vezes não conseguem pingar o colírio ou esquecem.
Para
saber mais sobre a doença e os medicamentos disponíveis para o tratamento,
acesse: http://www.blog.saude.gov.br/l5yxek