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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Confiram matéria feita pelo jornal O Globo em Taquaritinga do Norte

Em PE, agricultores enfrentam seca e tentam manter gado vivo

Carros-pipa abastecem 20% da população de Taquaritinga do Norte, no Agreste do estado

Pedro Tinôco, especial para O Globo

TAQUARITINGA DO NORTE (PE) - Uma mistura triturada de sorgo, milho, palma e outros vegetais tem sido a alternativa encontrada por agricultores que vivem no interior de Pernambuco para evitar a morte de rebanhos que sofrem por conta da estiagem prolongada no Sertão e no Agreste do estado. Morador da zona rural de Taquaritinga do Norte, a 170 quilômetros de Recife, José Correia, de 65 anos, diz que a mistura conhecida como “silo” é o único alimento disponível para o gado no momento.

Observando o pequeno açude ao lado da sua casa, praticamente seco, ele diz que os dez meses de estiagem arrasaram as lavouras de milho e feijão que havia plantado no ano passado.

- Agora estamos salvando os animais com o silo para não perder tudo - disse.

Nove cidades decretaram situação de emergência

Nove cidades pernambucanas decretaram situação de emergência por causa seca: oito no Sertão e Taquaritinga do Norte, no Agreste.

O prefeito da cidade, José Evilázio de Araújo (PSB), disse que está contando com a ajuda do Exército, que coordena o abastecimento de 142 pontos de captação de água por meio de carros-pipa.

Com uma população de 25 mil moradores, pelo menos 20% depende desse tipo de abastecimento para utilizar água potável.

- A solução definitiva para o problema passa pela ampliação da adutora que abastece a sede do município. Mas dependemos dos governos do estado e federal para realizar essa obra - cobrou.

Enquanto a obra não vem, o agricultor Fernando Dias da Silva, de 70 anos, continua dependendo do carro-pipa que abastece a cisterna de sua casa a cada dez dias.

- A seca é grande, mas a gente atravessa esse período porque tem um Deus lá em cima olhando por nós - afirmou.

Fernando e o filho mais velho, Edilson Dias, de 43 anos, também se valem de um poço artesiano desativado, de onde conseguem retirar um pouco de água usado um recipiente adaptado por eles para captar cinco litros de água cada vez.

Drama idêntico é vivido pelo agricultor José Galdino da Silva, de 57 anos, que alimenta o gado com palma há duas semanas. Além da escassez de água, ele alerta para o risco de até a palma desaparecer da região.

- A praga já devastou a planta do sertão da Paraíba e vai chegar em Pernambuco também. Todo mundo sabe disso, mas ninguém toma providência. O que vai ser de nós se até o alimento dos bichos desaparecer? - perguntou.